quarta-feira, 8 de abril de 2009

Educadores querem crianças nas ruas!

A Fundação Itaú (Brasil) e a Unicef lançam um prémio para estimular parcerias que promovam o desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes em espaços diversificados.
Passar o dia todo na escola nem sempre significa que crianças e adolescentes tenham educação integral. Especialistas em educação preferem seguir o pensamento do educador Paulo Freire, de que é preciso devolver a rua para as crianças. A ideia vai em contramão de muitas escolas e instituições que promovem actividades de tempos livres, com foco apenas em manter meninas e meninos ocupados o tempo todo a fim de retirá-los da marginalidade. Com objectivo de estabelecer vários espaços dentro da própria comunidade para o desenvolvimento da educação integral, foi lançada ontem, em São Paulo, a 8ª Edição do Prémio Itaú-Unicef, da Fundação Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com o tema “Tempos e Espaços de Aprender”.
De acordo com a directora da Fundação Itaú Social, Ana Beatriz Patrício, a ideia é optimizar espaços, como igrejas, clubes, entre outros, que existam na própria comunidade para promover actividades. “É possível integrar diferentes espaços dentro de uma proposta pedagógica adequada”, diz.
Durante o lançamento dessa edição foram apresentados três exemplos desse conceito de educação. Um deles é a iniciativa da prefeitura de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O projecto Escola Integrada atende 19 mil crianças de um total de 176 mil matriculadas nas 184 escolas municipais que oferecem o ensino fundamental.
Em horário contrário às aulas, as crianças e adolescentes recebem os mais diversos tipos de oficinas e actividades, em espaços que não se restringem aos muros escolares. “Percebemos a ociosidade de muitos locais, como clubes, por exemplo, com os quais estamos estabelecendo parcerias para serem usados pelos estudantes”, afirma a secretária de Educação de Belo Horizonte, Macaé Maria Evaristo.
Para a coordenadora de projectos em Educação do Unicef no Brasil, Maria Salete Silva, a educação integral deve ser contextualizada. “Não é possível termos apenas abrigos de crianças”, afirma. O objectivo do prémio é estimular e reconhecer o trabalho de organizações sem fins lucrativos que contribuam, em articulação com a escola pública, para o desenvolvimento da educação integral. Serão realizados lançamentos regionais e o da região sul ocorre em Curitiba, no dia 23 de abril.
A novidade deste ano é a categoria Alianças Estratégicas no Território. Dela podem participar iniciativas da sociedade civil como movimentos, grupos comunitários, escolas e órgãos públicos, empresas, entre outros, que promovam acções articuladas. O prémio foi iniciado em 1995 pela Fundação Itaú Social e Unicef e já recebeu 7.282 projectos, que constituem experiências inovadoras desenvolvidas em diversos lugares de aprendizagem.

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